Todo mundo está comentando o triste acidente ocorrido durante a apresentação do musical Xanadu (dirigido por Miguel Falabella). Mas isto acabou por me fazer refletir sobre como os musicais ainda não entraram de fato no roteiro cultural dos brasileiros, e olha que temáticas a serem abordadas não faltariam. Fiquei pensando quais seriam os motivos para este tipo de apresentação tão envolvente não ter sido propriamente explorada em nosso país. Porque se você olhar bem, musicais tem a cara do nosso povo! Rítmicos, envolventes, calorosos!
Em vários países temos exemplos de verdadeiros polos teatrais, como a famosa Theatreland (Shaftesbury Avenue), localizada em Londres (Inglaterra). Tive o privilégio de em 2009 passar por essa avenida e assistir ao música Thriller (homenagem ao Michael Jackson). Quando cheguei lá foi muito mais do que imaginava que seria, subi e desci aquela avenida repleta de outdoors dos mais famosos musicais olhando pra cima de queixo caído, me sentindo cidadã do mundo (rs)! É impossível não bater aquela ponta de inveja e pensar porque ainda não temos algo parecido mais próximo a nós.
Nós temos teatros maravilhosos, com um fundo histórico incrível, isso não podemos negar. Além de artistas e produções avassaladoras! No entanto, creio que está faltando realmente uma teia cultural, uma concentração que convide todos a fazerem parte (e se sentirem fazendo parte) de um grande movimento cultural. Está tudo muito fragmentado, disperso… Ao menos, isso é o que sinto em relação ao assunto. Está faltando um pulmão que dê folego e motivação para um cenário mais dinâmico e representativo nos teatros brasileiros.
Em Londres pude sentir isso, as pessoas buscam esse envolvimento no dia-a-dia. É quase impossível você pegar o metro ou o ônibus e não ver alguém comentando sobre uma peça ou musical ao qual pretendem ir no final de semana. Enquanto você desce a escada rolante para acessar o metrô, você vai passando por uma infinidade de pôsteres de musicais, peças teatrais, filmes…Enfim, as mais variadas programações culturais bem alí, estampadas claramente para a população que já está habituada a esse modus vivendi. É realmente chocante, é inevitável “pagar um pau” para tudo aquilo.
Não para por aí, nas ruas também não é difícil encontrar stands oferecendo descontos para entradas nesses eventos, pessoas distribuindo jornais gratuitos com notícias culturais importantes, resenhas e acontecimentos marcantes da cidade. Museus, galerias, bibliotecas abarrotadas como se estivessem distribuindo brindes! E tudo isso acontece de uma maneira tão natural, pois aquela já é a realidade daquelas pessoas! Não vim aqui dizer que países assim são um paraíso, eles tem sim seus problemas, isso é fato. Mas creio que não poderia encontrar exemplo melhor (e por experiência própria) para nos darmos conta do real cenário cultural e a grande fenda que nos separa de termos um real acesso a cultura.
Infelizmente, enquanto um ingresso para qualquer coisa custar um buraco enorme no orçamento médio das famílias brasileiras, seguiremos progredindo a passos largos… para trás!
Pronto, falei!
Ana P. S.
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1 comentários:
Aqui no Brasil é tudo muito caro. A cultura é para poucos.
Precisamos de CULTURA.
ACORDA BRASIL.
POVO BURRO É POVO CONTROLÁVEL.